sábado, 14 de setembro de 2013

E AGORA ADOLESCENTE?


E AGORA ADOLESCENTE?

 

E agora adolescente?

Você é o motivo maior deste meu ensaio, que, durante alguns meses, tive você o tempo todo na minha cabeça, martelando até nas reticências dos meus pensamentos, enquanto, saborosamente, escrevia sobre você e para você!

Pesquisar e estudar seu comportamento me levou a seguir seus vestígios, como se eu participasse de uma maratona, visando sagrar o 1º lugar no pódio. Eu tencionava chegar lá... Com esforço e dedicação. De chegar a merecer a sua atenção através deste meu livro, porque a minha intenção estava totalmente voltada para a sua vida, para a sua adolescência, e eu não queria perder nenhum lance!

A minha intenção foi a de escrever um livro leve e solto, assim como caminha a juventude...

Investiguei, insisti e até vivenciei alguns momentos felizes, e de muita ajuda, ao lado de adolescentes que merecem o mérito deste meu trabalho, bem como os artigos de jornais e revistas, assinados por pessoas competentes no assunto, alguns sites da Internet, e ainda os livros, nos quais aprendi muito a respeito da adolescência. E as pessoas com quem conversei: familiares, amigos, parentes, pais de adolescentes e educadores. Todas estas pessoas, também, me deram a atenção necessária para que eu pudesse, através de suas considerações para com este meu propósito, conseguir ir além de minhas expectativas, acreditar mais e mais que eu estava no caminho certo...

A forte disposição com a qual eu escrevia cada capítulo, abordando os assuntos que julguei de grande importância para você, seus pais e educadores, me fez sentir uma defensora das ideias que lancei neste livro. Não são muitas, admito, mesmo porque há tanto ainda para se discutir, mas acredito que elas abrangem, de maneira geral, o enfoque que eu quis dar à sua questão, o meu ponto de vista em torno do assunto, melhor, da vida do adolescente.

Sei que você poderá me questionar. Não sou a dona da verdade, nem tive esta pretensão, e creio que a ninguém é dado este direito. Contudo, posso garantir que busquei o melhor para toda esta abordagem.

E agora adolescente?

Bandido (a) ou mocinho (a), você é sempre o alvo de homéricas discussões. E estas polêmicas estão dentro de casa, estão na TV, na Internet, nos livros e nas reportagens de jornais e revistas. Estão também aqui, neste livro que você está terminando de ler. Mas, antes que eu coloque o meu “até breve”, quero que saiba que eu torço, e muito, por você! Desejo que lhe aconteça, durante esta sua adorável adolescência, só coisas boas, para que tudo o que você julga que é o melhor para sua vida. Porém, não se esqueça de que você é responsável e tem uma vida inteira pela frente!

E agora adolescente?

Siga o seu caminho... E anote naquela sua agenda cheia de “hem-hem-hem” que a nossa vida é o bem mais precioso que podemos ter.

Vá cuidar da sua vida!!!

Até...

 

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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

DEPOIMENTOS DE JOVENS ADOLESCENTES - TOMO II



DEPOIMENTOS DE JOVENS ADOLESCENTES – TOMO II

 

Saí em férias, para terminar de escrever este livro. A primeira semana, passei em Cabo Frio, e a segunda, na cidade de Búzios, ambas no Estado do Rio de Janeiro.

A pauta para este capítulo já estava traçada: eu realizaria uma pesquisa junto aos jovens, nestas duas cidades que, sabia, eles viriam de outras tantas. De fato, eu os encontrei nas praias, nas ruas, nas lojas, nos restaurantes e nos barzinhos agitados.

Durante alguns dias, com meu mini gravador à mão, entrevistei cerca de 30 adolescentes, com idade entre 12 a 17 anos, que não colocaram empecilho algum em responder às minhas perguntas. Com muito entusiasmo, foram prestativos e cooperaram.

Consegui, também, antes mesmo de colocar o ponto final neste livro, a ajuda de vários amigos “Net-Boys e Net-Girls” que tenho em minha rede social, o Facebook. Mesmo não os conhecendo pessoalmente, apenas duas dúzias deles, todos atenderam ao meu “chamado”, quando os convoquei para que pudessem, “in box”, responder às mesmas perguntas que fiz com os adolescentes, que encontrei em minha viagem de férias. A todos eles, registro, aqui, o meu sincero agradecimento: “Valeu, moçada bacana!”

Formulei apenas sete perguntas, que considerei necessárias e significativas, já que elas me dariam, com certeza, o respaldo, o apoio e suporte para alguns dos assuntos que tratei neste livro. São elas:

·         A - Qual é a sua idade?

·         B - Você está satisfeito (a) com a sua adolescência?

·         C - Você se considera um (a) jovem tranquilo (a), ou está cheio (a) de “grilos”?

·         D - Como gosta de curtir a sua vida?

·         E - Preocupa-se com os estudos?

·         F - Você é do tipo “família” ou acha que vive melhor com a sua turma?

·         G - Se alguém lhe chama de “aborrecente”, como você responde a isto?

 

Após ouvir as várias fitas com as respostas destes jovens, selecionei apenas algumas entrevistas para serem aqui publicadas, já que elas são a amostra do resultado desta pesquisa. Todas me foram de grande valor, as transcritas ou não, pois revelam o pensar e o agir dos nossos jovens. Da mesma forma, assim que me foram chegando os e-mails com as respostas dos meus jovens amigos do Facebook, que toparam, e foram quase 70 deles, selecionei as que mostravam melhor o perfil dos adolescentes...

Para guardar suas identidades, apenas coloco sua idade verdadeira, apontando-os como “Garota” ou “Garoto”, apenas para a identificação do sexo. Suas respostas obedecem a ordem das perguntas já enunciadas. E reproduzo, sem tirar nem pôr, originalmente, as suas próprias palavras.

 

# GAROTA (Paraty-RJ)

A – 15 anos.

B – Mais ou menos... Está faltando mais liberdade.

C – Tranquila. Tenho uns grilos, que são passageiros, e acabo encontrando as respostas com meus pais, meus primos, meus amigos.

D – Saindo bastante, namorando... Gosto de passar um tempo na Internet, nas redes sociais, para bater papo.

E – Bastante, bastante! Nunca tirei uma nota vermelha. Às vezes, eu dou uma fugida dos estudos, mas sempre estou na linha.

F – Acho que sou meio a meio... (Risos.)

G – Não me considero uma aborrecente, não! Não me envolvo muito com as pessoas. Não admito que me chamem assim, porque não dou motivo, só se for porque eu não dou confiança para isto. Eu fico na minha mesmo. Se os pais estão sendo chamados de “avorrecentes”? É isto? Avorrecentes? Legal... Ainda não tinha ouvido falar... Não! Mesmo eu achando que os meus pais não me entendem, acredito que eles querem é me colocar no caminho que, para eles, é o “certo”, entende? Eles vão ser mesmo avorrecentes, quando forem avós, não é mesmo? Aí, vão querer mandar até nos netos, nos filhos da gente. (Risos.)

 

# GAROTO (Búzios – RJ)

A – 16 anos.

B – Estou “de boa”.

C – Não! Sou tranquilo até demais quanto a isto.

D – Gosto de praia... Desta, onde estamos agora... Hãm... Internet, claro! Às vezes, curto uma balada. Futebol com os amigos.

E – Muito. Eu até que gosto de estudar, sabia?

F – Não... O melhor é a família. Esse lance de “tribo”, “gangue”, turma... Não leva a nada. Só mesmo à diversão, aos bate-papos e tal. Por que? Porque nem todos, que dizem ser amigos, não são de verdade.

G – (Risos.) Ah! Eu falo que não sou aborrecente... Já até me chamaram, um tempo atrás, viu? É a fase. Cada adolescente tem a sua, até mesmo de pentelho, que fica enchendo o saco de todo mundo...

 

# GAROTO (Teresópolis – RJ)

A – 14 anos.

B – Sim...

C – Minha adolescência está indo bem. Não tenho nenhum grilo, não. Aprendo tudo com meus pais, na escola, com amigos...

D – Nos finais de semana, vou para alguma balada... Sem nada de drogas, porque isto aí não leva ninguém a nada, não leva para o futuro. Também curto muito de jogar na Internet, ou em casa, sozinho, o Playstation.

E – Eu estudo muito. Gosto... Quero servir a Aeronáutica!

F – Família! Dependendo da turma, é legal viver entre amigos, mas o pessoal tem de ter cabeça boa.

G – Ah! Já ouvi falar esta palavra aí. Mas, eu? Eu não sou um carinha aborrecente, não. Cada um tem o seu jeito. Não abuso da liberdade, e levo tudo dentro do possível. Acho que sou um adolescente saudável. Valeu?

 

# GAROTA (Angra dos Reis – RJ)

A – 13 anos.

B – Estou legal...

C – Tranquilíssima! Não tenho grilos nenhum, mesmo... Você não acredita? Mas é verdade!

D – Gosto de viver bem na paz. Não sou muito de sair, badalar, essas coisas... Nem tenho namorado. De vez em quando, só paquera mesmo. Curto praia, violão, músicas. Adoro entrar no Facebook e postar fotos bem legais. Esse lance de papos com os amigos...

E – Olha... Eu até que estudo. Não mato aula, e faço meus deveres.

F – Família, cara! Sou mais tipo “família” mesmo. A turma não me ajuda em nada. Ninguém bate com as minhas ideias...

G – Aborrecente? (Risos.) Ah! Fala sério... Tem muito adulto que é... Sabia? Eles, sim, é que vivem nos aborrecendo com tanta proibição, estas coisas de discursos, de conselhos chatos... Eu sei que eu é que não sou! Acabou? Olha... Sucesso para você, viu? Gostei de ajudar aí.

 

# GAROTO (Cabo Frio – RJ)

A – 15 anos.

B – Estou totalmente satisfeito.

C – Sou tranquilo. Não tenho muitos grilos, mas a maioria tem... Os meus? Eu os guardo e vou tirando as dúvidas por aí...

D – Gosto de viajar. Namorar, de vez em quando. De praia, curtir com os amigos em algumas baladas... Adoro filmes. Internet também...

E – Eu frequento as aulas, não mato aula... Gosto de estudar, pois eu quero ter uma profissão no futuro. Ser alguém com um trabalho legal, que me dê muito dinheiro.

F – Ah! Eu acho que eu fico mais tempo com os amigos, mas também fico com meus pais. Com os amigos, eu me divirto mais...

G – Meu pai me chama assim, às vezes... (Risos.) E eu digo que não posso fazer nada contra isto. É tudo da nossa idade. Eu me considero, mais ou menos, um aborrecente, sendo consciente e também inconsciente.

 

# GAROTO (Rio de Janeiro – RJ)

A – 14 anos.

B – Estou numa boa. Vivo legal, sim, com a minha condição de adolescente.

C – Sou tranquilo. Só tenho grilos na cabeça de vez em quando. Procuro consultar, primeiramente, os meus pais. E se eu não consigo esclarecer minhas dúvidas, aí eu procuro os amigos, e na maioria das vezes eu esclareço tudo.

D – Eu saio muito à noite, nos fins de semana. Nos outros dias, fico em casa. Gosto de praticar esportes, de jogar na Internet... Tem muito jogo legal! Curto praia também. Balada? Adoro...

E – Mais ou menos. Já matei muita aula, mas acabo passando de ano.

F – Dos dois, viu? Eu me dou bem com meus pais, mas fico muito tempo com os amigos. Adolescente tem de estar com adolescente. Viver em turma, viver aquilo que é do adolescente...

G – Já me chamaram, muitas vezes. Eu não ligo... Na maioria das vezes, eles falam assim só de brincadeira. Talvez eu possa ser um aborrecente, e não dou conta de que sou mesmo! (Risos.)

 

# GAROTO (Búzios – RJ)

A – 17 anos.

B – Estou... Eu me dou bem com meus amigos, com meus pais.

C – Estou tranquilo. Meus pais são muito abertos comigo. A gente conversa bastante. Acho que sou privilegiado por isso.

D – Eu gosto de praia, com os amigos. Gosto de esportes, de acampar, de ficar nos barzinhos, à noite, nas baladas... Tenho uma namorada atualmente. Ela sai muito comigo. De vez em quando, eu tomo um copo de cerveja, mas prefiro bebida mais saudável. Qual? Água, muita água, e também um isotônico, quando pratico vôlei, futebol...

E – Vou indo bem nos estudos. Não mato aula, não. Nem para namorar... (Risos). Temos de ter um futuro, com uma boa profissão. Quero ser jornalista.

F – Eu saio bastante com alguns poucos amigos. Mas saio também com meu pai. De vez em quando, nós dois vamos num barzinho aqui em Búzios. Jogo peteca com ele. Sou muito amigo dele. Minha mãe? Também sou amigo dela e das minhas três irmãs. Às vezes, a gente briga. Faz parte. Viver em turma é bom, mas tem de acompanhar os pais também... Faz falta!

G – A minha família já me chamou, tempos atrás, de aborrecente. Levei na brincadeira. Acho que meus pais até já aprontaram mais do que eu, na juventude deles, mas não dão o braço a torcer.

 

# GAROTA (Cabo Frio – RJ)

A – 14 anos.

B – Ah! Estou... Mas eu acho que tenho ainda muita coisa para aprender...

C – Sei lá. Eu sempre tenho algumas dúvidas. Aí, eu acho que tem tempo ainda para resolver cada coisa que passa na minha cabeça.

D – Praia, baladas. Adoro ficar com minha turma... Em casa, fico um bom tempo na Internet, em minhas redes sociais, postando mil lances! Isto é bem divertido. Adoro!

E – Eu me preocupo, sim. Estou sempre estudando e não mato aula por conta de ficar zoando por aí.

F – Agora, eu sou dos dois. Gosto da família, mas curto muito os amigos... Do meu prédio, do colégio. A gente precisa viver com gente da nossa idade. Todo adolescente precisa, não é mesmo? Mas, vou contar para você... Um colinho de mãe é tudo de bom!

G – Já me chamaram, sim! Eu acho que, dependendo do momento, eles podem até estar certos ou errados. Eu não ligo, não! Quando estão errados, aí eu brigo. Bato o pé de digo: “Pô, sou uma adolescente, e estou vivendo a minha vida, gente!” (Risos.).

 

# GAROTA (Rio de Janeiro – RJ)

A – 16 anos.

B – Estou tranquila, acho! Tudo que a adolescência me proporciona, eu transo numa boa, muito mesmo!

C – Ah! Cheia de grilos, apesar de estar bem. Tem muita coisa errada. Tem gente que gosta de ser a “ovelha negra” da família, e eu sou uma! A que faz tudo errado, sabe? Todo mundo é “santinho” e só você é a errada. Essas coisas... Eles me consideram a “louca”. Chego tarde em casa, porque eu estou curtindo. Se eu faço coisa errada, eu tenho consciência numa boa.

D – Curtir a vida? Nossa! Sair com meus colegas, com meus “roqueiros” para dormir no cemitério. Nem sei que graça teve isto, mas foi bem louco! Ou então... Ficar em casa, trancada dentro do quarto, ouvindo música, um “rock” pesado. Adoro! Mas gosto também de MPB. Ah! Praia, Internet, baladas... Essas coisas que todo mundo gosta.

E – Estudos? Veja bem... Estou parada no momento. Eu tive umas complicações... Daí, eu parei. Mas, em breve, vou voltar a estudar. Acho até que perdi o ano!

F – Eu estaria mentindo de dissesse que sou tipo “família”... Sei que curto mais os amigos neste momento. Quando eu era “pirralha”, eu ficava mais com meus pais e irmãos. Hoje, prefiro a minha “tribo”, tenho mais liberdade com os amigos.

G – Depois de tudo o que eu fiz? Só posso ser mesmo uma aborrecente para os outros. Acho que eles me consideram assim até hoje, desde quando eu me tornei uma adolescente. (Risos.) Mas eu sei que eu me arrependi. Olha esse mar... Tem coisa mais linda? Eu quero é viver bem... Aborrecendo os outros ou não! Desejo o maior sucesso para o seu livro. Que bom que eu ajudei... Pode escrever tudo, tá? Valeu, escritora!

 

# GAROTA (Vitória – ES)

A – 17 anos.

B – Está valendo a minha adolescência, sim! Dentro de alguns meses, vou virar adulta...

C – Eu sempre fui tranquila. Claro! No início de minha adolescência, eu tinha mais grilos na cabeça. Quais? Eram vários, tipo... Minha menstruação. Assim que ela chegou e até dois anos depois, ela era muito irregular. Eu ia sempre ao médico. Minha mãe me levava. Cheguei a tomar pílulas para regular, sabe? Eu tinha grilos com os namorados, com este lance de namoro, do jeito que seria... Estas coisas. Eu era uma menina meio estranha. (Risos.)

D – Eu danço muito, sou bailarina e gosto de música, até mesmo da clássica. Nos fins de semana, vou passear com meu namorado, em algumas baladas. Ele está comigo aqui em Búzios. Ah! Praia, claro!  Gosto de viajar, como agora, conhecendo pessoas novas, bonitas, inteligentes. Acho que eu curto a vida curtindo a própria vida, tudo o que ela me proporciona. É isso aí!

E – Sou ligada nos estudos, sim. Quando era mais nova, eu não ligava muito. Matava aula, não fazia os deveres. Achado um saco! Mas, depois, já crescida, tomei consciência da importância dos estudos em nossa vida. Quero ser uma grande profissional..

F – Eu já fiquei muito em casa, curtindo este lance de “família” unida... Fui muito comportada. Desde os 15 anos, eu saio muito, adoro minha turma de amigos. Agora, fico mais com meu namorado, apesar de nós termos muitos amigos em comum.

G – Eu acho que já passei desta fase, você não acha? Conheço também muitos adolescentes, mais novos que eu, que são, sim, bem aborrecentes, viu? Eu devo ter sido também. Afinal, quem nunca aborreceu alguém? Mas, quer saber? Adoro estes aborrecentes... (Risos.)

 

# GAROTO (Macaé – RJ)

A – 16 anos.

B – Estou sim! Está tudo ótimo. A adolescência é a fase melhor da vida!

C – Nossa! Estou tranquilo. Tranquilo até demais...

D – Agitando todas. Sabe o que é “todas”? Nossa! Tudo o que a vida me dá direito... Altos agitos com a galera, zoar bastante... Ichi! Zoar? É fazer tudo, tipo... Tudo com os amigos, sair por aí, à noite, para as baladas. Divertir nos barzinhos, como este... Neste lugar legal onde estamos. Aí... Namorar bastante também. Internet? Muito! Vivo nela...

E – Que nada... Para falar a verdade, não curto muito não! Mas, a gente tem de estudar, passar de ano, ter uma profissão, enfim...

F – Família, família, família... É o bicho! Eu gosto da minha família. Acho que a gente tem de estar junto de vez em quando. Eu fico lá em casa com eles, meus pais e irmãos, mas nem sempre. Eu gosto mesmo é de ficar com a minha “trupe”, sabe? Os caras são legais, todo mundo tem uma cabeça boa, a gente tem os mesmos lances, os lances que gostamos de curtir. Mas eu não faço nada de errado não. Tenho, assim, esse meu jeitão de cara que num tá nem aí, mas eu vivo limpo! A gente, de verdade, só quer mesmo é a diversão, entende? Diversão sadia. São as noitadas, ou então a praia, pela manhã, nos fins de semana. Com os amigos, eu bato uma bola, jogamos vôlei... Tá vendo? Eu curto muito a minha adolescência...

G – Ichi! Aí... Lá em Macaé, tem gente que fala este lance de “aborrecente”. Mas não para mim. Eu acho que não aborreço ninguém. Pode ter uns caras... Adolescentes “pirralhos”, sabe? Estes, sim, aborrecem as pessoas, seus pais... Não sei! A coisa é complicada. Ou se é aborrecente, ou não. Eu não sou. Me livra dessa, hein? Valeu! Sucesso para você e este seu novo livro aí. Já anotei aqui na cabeça!

 

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sábado, 31 de agosto de 2013

AFINAL, QUEM SÃO OS ADOLESCENTES?


AFINAL, QUEM SÃO OS ADOLESCENTES?

 

Dizem, por aí, que eles são irreverentes, inconvenientes, mal-apessoados, mal-agradecidos, aborrecentes... Vivem boa parte do tempo ligados à Internet, dependurados ao telefone, gostam de chamar a atenção, têm problemas com os estudos, têm gosto musical diferente das pessoas “normais”, se vestem de uma maneira singular, para mostrar sua rebeldia, revelam surpreendentes traços de sua personalidade, são “animais”, zoam sem limites, levam um ritmo de vida diferente, usam drogas, são alienados, são desobedientes, são totalmente inconsequentes, são absolutamente adolescentes, aborrecentes, rebeldes, que piram a cabeça dos mais velhos com toda a sua loucura...

O adolescente está sempre desejando alguma coisa nova, e jamais está satisfeito com o que tem ou ganha. Ele quer tudo, o mais novo possível: celular, computador, skate, videogame, patins, guitarra, bateria, bicicleta, moto, e sabe lá mais o que! Os “Teens”, como são chamados os jovens com idade entre 13 a 19 anos, agem da mesma forma quando andam em turma. Têm os mesmos gostos, curtem o mesmo tipo de música, gostam dos mesmos lugares e adoram os sanduíches de dois andares, além de pizza, pipoca e salgadinhos empacotados.

Os também chamados “pentelhos” detestam verduras e legumes, a não ser os que aderem à moda saudável do naturalismo. E ainda por cima são exigentes demais, estão sempre desejando impressionar.

Eles gostam de usar camisetas com estampas das mais diversas, às vezes do tipo bem radical, ou então com um monte de escritos tipo baboseira pura, apenas para barbarizar com a própria galera ou com os adultos.

Uns usam aparelho nos dentes, e toda semana mudam a cor das borrachinhas, outros, óculos. Possuem diários secretíssimos e curtem ouvir um som, quando a aula está super chata. E têm as agendas gordas de tanto “hen-hen-hen”.

Muitos jovens, por qualquer vacilo com a turma, acabam pagando o maior “mico”. E quando não admitem seus erros não dão o braço a torcer, e alegam um ataque de amnésia, ou então de “bobeira” mesmo. Eles detestam a palavra “proibição” – ela está definitivamente abolida de seu dicionário – mas são sempre flagrados fazendo besteira. Uns, menos avisados, mexem com fogo e acabam provocando um incêndio. Eles gostam de privacidade total, e acham que o melhor lugar para se ler uma revista é o banheiro.

Os adolescentes sentem um verdadeiro horror quando “chamam o Juca” pela primeira vez, mas sempre esquecem o fatídico primeiro porre, e acabam chamando o tal do Juca tantas vezes quanto forem necessárias, até que aprendam a beber “socialmente”. Estão, também, à procura de algo, que nem sempre sabem a respeito, não sabem identificar o que necessariamente procuram.

Uns gostam de dormir, só para ficar sonhando. Afinal, o adolescente é um eterno sonhador!

De vem em quando, engessam um braço ou uma perna, quando não engessam os dois ao mesmo tempo. São traquinas demais...

São românticos e gostam de curtir shows de megastar do Rock ao vivo, nos grandes estádios, de preferência espremidos no gramado, porque a galera é quente e aconchegante, quanto mais espremidos melhor.

A maioria dos jovens acredita que tem talento para as artes: teatro, música, fotografia, literatura...

Os jovens adoram desafios para superar seus próprios limites, e querem mais é a sensação de liberdade, de correr grandes perigos, pois a eles é dado o ímpeto próprio. Fazem tatuagens pelo corpo, e, quando adultos, irão se arrepender amargamente. Será?

As meninas não vêm a hora de começar a depilar axilas, virilha e pernas. Os meninos, fazer a barba. Alguns de aventuram e acabam se cortando, mas a cicatriz da imprudência já lhes é um grande troféu. Questionam e questionam, e acabam enlouquecendo a si mesmos e a todos à sua volta.

Estes são os nossos adolescentes! E cada um deles irá adquirir a condição de um verdadeiro adulto depois dos vinte anos de idade, quando sua maturidade física for completada pelo equilíbrio psicológico e uma integração social satisfatórios. E só então a palavra “aborrecente” deverá sumir de vez de suas vidas!

 

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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A IDADE DAS CONTESTAÇÕES


A IDADE DAS CONTESTAÇÕES

 

- “Que fase! Os jovens contestam tanto... Estão muito rebeldes!”

Quem já não ouviu esta frase?

Tantas pessoas dão ênfase ao assunto, estão rotulando os jovens e nem procuram as respostas para suas contestações. Mas, pouco se fala, ou se publica, sobre as dificuldades que os pais, e mesmo os adultos em geral, têm em aceitar a transformação que passa o adolescente. E muitos não sabem sequer estabelecer uma boa relação com os filhos.

Quando a conversa em discussão é a criança, os pais expressam uma opinião uniforme. Isto já não ocorre quanto o assunto é o adolescente. Muitos pais tomam atitudes de espanto, temor e até mesmo de hostilidade, além de mostrarem seus sentimentos de distância e indiferença. Esta maneira de agir mostra que quanto menos eles se envolverem com o assunto melhor. Não participam da evolução social e por isso se abstêm de qualquer opinião ou envolvimento. Psicólogos comprovam estas atitudes em seus estudos.

Acredito que os pais devem seguir, passo a passo, a evolução das necessidades e mudanças de seus filhos. Esta é uma atitude normal, tentando compreender e, sobretudo, respeitar seus sentimentos e direitos. Devem permitir um mútuo entendimento, quebrando as barreiras que tanto sacrificam pais e filhos.

Já está comprovado, os pais que melhor se envolvem com a realidade têm mais chance de ensinar e orientar melhor os seus filhos, mostrando-lhes como enfrentar os desafios, não os afastando dos perigos, já que todos somos vulneráveis a eles.

Os pais devem ter mais consciência e reflexão em relação à educação que dispensam aos filhos, tendo uma conduta que os levem ao diálogo, para consolidar uma relação de confiança, de mais amizade, e consequentemente mais amor!

Na fase da adolescência, é normal o jovem contestar, esbravejar, até dizer besteiras infundadas. Ele se sente no direito disso e daquilo. O adolescente reina, com sua coroa recheada de louros que ele mesmo vai os colocando, à medida que se sente o rei de toda e qualquer situação.

Geralmente, o jovem é idealista demais e quer mudar o mundo, e muito mais ainda quando ele acha que o mundo todo está contra ele: “Ah! Não! Tudo acontece de ruim comigo. Que droga de vida! Dá vontade de sumir...”

E aí? Sumir para onde?

Ele quer sair de casa, com uma mochila às costas e nada mais. Quer dar um tempo da família. Não suporta mais tanta pressão, e por isso pensa que lá fora vai poder respirar mais aliviado, e o seu mundo será melhor, mais colorido, cheio de vida. Quantos jovens assumem esta posição e não voltam. Vivem uma utopia, mas preferem não admitir a derrota. Consideram-se senhores de si mesmos e querem mostrar ao mundo que podem vencê-lo. Uns acertam, já outros acabam se entregando à marginalidade, infelizmente. Porém, há jovens que não aguentam quanto a barra começa a pesar, e aí a “coisa pega” e voltam rapidinho para o aconchego do lar, para o seio da família, de onde eles jamais poderiam se ausentar enquanto não tivessem condições. Admitem o erro, e muitas vezes são recebidos como os filhos prodigiosos, com toda a pompa, ou então os pais os recebem com indiferença, e estes filhos são obrigados a resgatar o seu amor e confiança.

Há pais que não sabem bem como lidar com os desejos súbitos dos filhos, e com suas manias e vícios, que adquirem como hábitos normais, e que acabam irritando os mais velhos. Por isso mesmo, estes pais, diante desta constante irritabilidade e para se verem logo livres dela, acabam cedendo aos caprichos, ou então procuram castigar os filhos. Chantageiam, muitas vezes, para disfarçar a preocupação que têm em protegê-los, e assim agem com imposições e muito controle: “Quero o seu bem, meu filho.” “Tudo o que faço é com a melhor das intenções.” De forma bastante autoritária, para que o filho não tenha chance de argumentar, sofrendo calado este tipo de pressão. E sendo assim o filho vai agir de maneira compulsiva, contestando a seu modo, pois o jovem, muitas vezes, não liga a mínima para regras e convenções.

Chego a comparar o nosso jovem ao “anel da energia e do humor”. A cada dia, ele levanta com uma cor, e é capaz de ir mudando-a da manhã à noite.

Nós adultos pensamos muitas vezes em qual seria a melhor maneira de agradar aos jovens. Tentamos de um lado e de outro. Se na maioria das vezes não o conseguimos, de quem á a culpa, afinal?

Com certeza, psicólogos e psicanalistas podem responder a esta questão, mas eu creio que é simples a resposta: a culpa não está no adulto nem no jovem. Ambos estão simplesmente agindo à sua maneira. O adolescente tem uma posição perante à vida, que lhe é peculiar, e os adultos têm outra. Não conseguem agradar um ao outro.

Muitos pais têm o desejo de ensinar o “caminho das pedras” aos filhos e se desdobram por isso. Mas, os filhos querem, e necessitam, descobri-lo por si mesmos. Para eles, é imprescindível esta busca, que funciona como uma autoafirmação. O jovem tem sede de poder sobre ele mesmo, daí tantas contestações!

 

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domingo, 18 de agosto de 2013

ADOLESCENTE X ADOLESCENTE




ADOLESCENTE x ADOLESCENTE

 

Há adolescentes que não curtem a vida por conta do trabalho. Muitos deles começam a trabalhar a partir de 11 anos de idade, para ajudar com as despesas da casa. Alguns são arrimos de família. Estes não têm os mesmos privilégios que a maioria dos jovens, de classe média a classe alta, goza: roupas de grife, educação nos melhores colégios particulares, tratamento dentário de seis em seis meses, seguro de saúde e de vida, refeições fora de casa, mesada, cartão de crédito, festas nos fins de semana, viagens de férias, TV, celular, videogame, computador, tablete, a obrigação de nada fazer a não ser estudar e se divertir (namorar, dançar, praticar esportes), assistir a bons espetáculos no teatro, frequentar clubes e cinemas... Os jovens necessitados se preocupam com as contas a pagar no final do mês, ajudam na arrumação da casa, tomam conta dos irmãos menores, fazem um “bico” aqui e ali para compensar o baixo salário que recebem, ganham roupas usadas, que já saíram de moda, estudam na biblioteca e em livros usados, vão á escola sempre com o mesmo uniforme surrado, não saem de férias...

Os jovens que não têm uma boa vida, às vezes, nem sentem a sua adolescência passar. Devido às necessidades que já são impostas ainda na fase de criança, se veem, de uma hora para outra, às voltas com as responsabilidades familiares, e da noite para o dia tornam-se adultos, e adeus à sua bela juventude! Estão à procura dela apenas na visão de outros jovens, aos quais a vida permitiu o gozo de uma juventude plena e saudável.

Penso que os jovens que recebem na palma da mão a majestade de uma adolescência rica e sadia, muitas vezes não encontram o significado dela, e com toda a primazia que desfrutam ainda se sentem aborrecidos e acabam aborrecendo todos à sua volta. Já os jovens necessitados, estes, sim, com certeza, têm motivos de sobra para se aborrecerem!

 

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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

CORAÇÃO DE ESTUDANTE


CORAÇÃO DE ESTUDANTE

 

Com tantos atropelos e tropeços, o coração do adolescente está batendo a mil...

Quando pinta o clima de amor, há de cuidar das coisas do coração! Deste “coração de estudante”, tão cantado pelo cantor e compositor Milton Nascimento.

Fico a imaginar como bate o coração desta moçada nesta fase tão maravilhosa, onde o sentimento está também à flor da pele.

Há corações desvairados, capazes de perder o juízo por conta de uma paixão alucinada, descompassada de amor. Há corações rebeldes, que ainda não têm registro de que é preciso ter paciência quando se está amando. Há corações vorazes, capazes de debelar outros corações, só para provar que o domínio está acima de qualquer coisa. Há corações sofredores, que mal se aproximam do coração alvo, com medo de perder a intimidade que lhes é permitida, e por isso não se abrem com força e com vontade. Há corações tímidos, incapazes de se pronunciar. Há corações mal correspondidos, aflitos e temerosos. Há corações bandidos...

O coração é o templo do amor para estes adolescentes, que buscam a satisfação de seu prazer. Do prazer de suas conquistas amorosas. Este coração que bate conforme o ritmo da paixão.

Penso que durante a adolescência o coração de cada jovem é o órgão mais bem tratado, aquele que recebe toda atenção e cuidado, pois ele é a casa que abriga o sentimento do amor.

“Meu coração está partido... Está magoado... Está em festa... Está tranquilo... Está em alvoroço... Está em paz... Está inquieto... Está fissurado... Está desesperado...” E tantos atributos são colocados conforme o estado emocional do adolescente quando está amando.

Os corações apaixonados que, durante um beijo, seja ele “delicado, molhado, amassadinho, gira-gira, Drácula, desesperado, garganta profunda e outros mais”, estão saltando de 70 batimentos cardíacos para 150. Trabalhando o dobro, praticamente, por conta de um beijo. Mas, segundo especialistas, quem beija mais acaba vivendo mais, pois o cérebro e o coração são mais estimulados. Sem contar que durante um simples “beijinho” há uma queima de cerca de 12 calorias. Imagino o quanto os nossos jovens estão emagrecendo...

Este coração de estudante que precisa saber segurar as pontas, e que, às vezes, se faz de vítima, criando um clima de pura chantagem emocional: “Eu simplesmente não sei se vou aguentar viver esta minha vida sem você.” “Prefiro nem viver, se não estiver ao seu lado.” “Juro que não tenho mais razão para viver, pois você era tudo o que eu queria.” E nestes casos o coração acaba sendo sempre o grande vilão da história de amor. Acaba sendo o ditador de tantos sentimentos que o envolvem. Coitado deste coração que carrega os amores estudantis, que vira o prisioneiro de uma paixão, que recebe as amarguras das tramas do amor. Pobre coração!

Há de se cuidar melhor destes corações que trabalham mais os momentos de emoção, prazer e tensão dentro do corpo de um jovem!

 

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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

ALGUMAS ANOTAÇÕES DO DIÁRIO DE UMA JOVEM DEBUTANTE


ALGUMAS ANOTAÇÕES DO DIÁRIO

DE UMA JOVEM DEBUTANTE

 

Ela esperou, com ansiedade, durante o ano passado, a data na qual faria 15 anos de idade. Uma idade tão esperada por toda adolescente.

Está cursando o 1º ano do Ensino Médio (9ª série do Ensino Fundamental) e sente grande orgulho. Tem quase 300 amigos no Facebook, a maioria do colégio, além do pessoal de sua família....

Suas lembranças da 8ª série: Nas aulas de Educação Sexual, ela e suas amigas mais chegadas ficavam desenhando os espermatozoides dos meninos da turma, e lhes davam os nomes, às gargalhadas. Na festa de formatura, dançou com um garoto que ela era a fim, e sentiu uma “quentura” por dentro. Mas, só não “ficou” com ele por pensar que era cedo demais. As colegas riram de sua atitude, lembrando-a de ele era o favorito de muitas delas.

Em um de seus passeios, num shopping, com as amigas, uma paquera surgiu. Troca de telefones, e-mails e até mesmo um encontro marcado. Era preciso dar uma desculpa em casa, para se encontrar com o Bruno, numa praça bem perto de casa, no dia seguinte, durante à tarde. Ela se lembra que tomou um banho de perfume. Os dois bem felizes, de mãos dadas, caminhando, apenas conversando. De repente, encontraram o pai dela, que apenas lhe disse: “Já para casa e depois conversamos!” Ela escreve que tremeu o corpo todo e o garoto ficou assustado. Em casa, seu pai quase “teve um filho pala boca”, e ela escutou o maior sermão. Os dias se passaram e eles se encontravam às escondidas. Ela gostava dele. E ele insistia que deveriam fazer algo mais, além dos beijos ardentes. Ela tinha medo de se entregar para ele e depois levar um belo de um chute. Então se fazia de difícil, mas sabia que estava se dando o devido valor.

Finalmente, chega a idade que tanto aguardava, seus majestosos 15 anos! Pensa que nesta idade as coisas mágicas acontecem e sua vida será um mar de rosas...

No dia da festa de seu aniversário, Bruno lhe presenteou com rosas vermelhas, dizendo, bem secamente: “Você demorou a se decidir, eu já estou namorando outra.” Naquele instante, ela sentiu o mundo desabar sobre sua cabeça, segurou o choro e devolveu as palavras: “Toma este buquê e leve para a sua namorada!”

Um novo amor chegou, semanas depois. Um amigo de uma prima, que havia lhe adicionado na rede social, dias atrás, a conheceu numa festa. Mal teclavam. Mas, durante duas horas, aquele era o par perfeito. Um beijo roubado e pronto! A maior surpresa: ele a pediu em namoro, como no tempo de sua avó. Ao contar para a sua mãe, imaginando que ela iria ficar descabelada e dizer “não” ao namoro, mais uma surpresa, pois a mãe lhe disse que gostaria de conhecer o pretendente. No dia seguinte, a jovem debutante ligou para o rapaz, dizendo: “Ok! Estamos namorando!”

Elton foi seu primeiro namorado firme e concreto, conforme ela escreve em seu diário. “Estou amando e sendo correspondida, agora.”

Após um mês de namoro, ele foi à casa dela conhecer seus pais. Chamou a mãe dela de “sogra”, mas não conheceu o pai, que não quis participar daquele encontro, totalmente corroído pelo ciúme, porque achava que era cedo demais para ela começar um namoro sério, e que o rapaz estaria roubando a sua “princesa”.

A dona do diário se lembra que a mãe havia gostado muito do Elton, mas passou a chama-lo de “ficante constante”. “Que raiva, viu?” Ela desabafa...

Eles se amavam, profundamente! Após um beijo “delicioso”, como escreve, em um de seus encontros, ela registra numa página inteira: “... Então senti as batidas aceleradas do meu coração e um calor imenso dentro do corpo, e ainda a minha respiração e a dele estavam aceleradas. Pensei que aquela sensação já nos levaria para as primeiras carícias preliminares... Que faríamos sexo! Imediatamente, me afastei dele e achei melhor parar por aí. Lembro-me que o deixei e fui embora, mas me senti “nas nuvens”.

No dia seguinte, no colégio, perguntou a uma amiga se era normal sentir aquele entusiasmo todo, tão cedo, aquela vontade de chegar logo no “algo mais”. Ela se sentia tão imatura, insegura, e achava que seu corpo ainda não estava preparado. E porque tinha muitos “grilos” na cabeça a respeito do sexo.

Terminou a página, escrevendo: “15 anos de idade ainda é muito cedo para perder a virgindade. E eu não quero decepcionar meus pais, que amo tanto. Não estou pronta para me entregar. Devo ainda descobrir tanto...”

Escreve ainda que já estava em férias escolares e viajou para a cidade de São Paulo, a fim de “esfriar a cabeça”.

“Ainda ontem, eu brincava de Barbie. Hoje estou num shopping, comprando um presente para o meu namorado, meu querido Elton...”

E nem quis arriscar o namoro “sério”, com uma aventura de férias, pois rapazes não faltaram!

 

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sábado, 27 de julho de 2013

UMA CONVERSA FRANCA, DE ADULTO PARA ADULTO


UMA CONVERSA FRANCA, DE ADULTO PARA ADULTO

 

Devido às transformações de seu corpo, os adolescentes se sentem transtornados. Também os pais, diante do processo de desenvolvimento dos filhos, se vêm numa situação difícil, pois sentem uma espécie de angústia que vivenciam com a perda do corpo de seu filho-criança.

De acordo com os psiquiatras, os pais percebem uma nova realidade, estão começando a envelhecer. Com a evolução de se relacionarem, a partir de então, com o filho de adulto para adulto, algumas renúncias serão impostas aos pais. O filho perde aquela imagem dos pais criada por ele, e ao mesmo tempo os pais estarão sujeitos a críticas e aos sentimentos contraditórios dos filhos, assim como a ternura e a raiva, por exemplo. Com efeito, os pais têm dificuldades em aceitar este desenvolvimento do filho adolescente, ainda mais quando, inconscientes, não percebem estes embaraços.

Alguns pais estão sempre dizendo que o filho está numa fase difícil, na fase da “aborrecência”. Só que não se dão conta de que eles próprios estão encobrindo, desta maneira, a sua incapacidade de entender o filho.

Muitos filhos querem inovar, e diante disto os pais se sentem ameaçados. Por isso, geralmente reagem com atitudes repressoras, causando um grande aborrecimento a eles, seus filhos. O jovem, então, numa atitude repentina, irá romper com os pais, irá preferir substituir o amor deles por novos relacionamentos afetivos, extrafamiliar, onde poderão encontrar apoio e segurança.

Quando o jovem fracassa ao lidar com esta separação, ele se defende, sem o saber, convertendo aquele amor aos pais em emoções opostas. Por isso, o amor torna-se ódio, a dependência se transforma em rebeldia e o respeito vira desprezo. Mas é apenas superficial esta posição dos filhos, quando acham que estão livres dos pais, porque, na realidade, eles permanecem ligados à figura deles. Contudo, se o jovem traz consigo boas imagens de seus pais, aqueles que, desde a sua infância, sempre foram amorosos, cuidadosos com a educação e o respeito que lhe deram, a separação será mais fácil. Esta separação dos pais de infância é uma tarefa difícil de enfrentar, e por isso o jovem trava uma luta ferrenha. Muitas vezes, chega a menosprezá-los, negando sua importância. Culpam os pais de serem estúpidos e inúteis. Desta maneira, parece-lhes que fica mais fácil lidar com esta perda, já que tinham apego pelos pais quando crianças.

Gosto destas considerações, uma vez que estamos constantemente percebendo esta atitude nos jovens. A perda dos pais de infância, a que se refere Anna Freud, em seus estudos, esclarece-nos o comportamento do jovem, que percebe que deverá se libertar da criança que foi um dia, e não faz muito tempo, para arcar de vez com a sua adolescência proeminente.

Os jovens pensam que poderão alcançar os louros de sua adolescência, ao se libertarem de vez da figura paternalista. Muitos não querem a interferência dos mais velhos durante o seu desenvolvimento, pois acreditam que podem se virar sozinhos. Para tanto, precisam negar a figura dos seus pais de infância. Este rompimento, necessário, se faz de uma forma brusca, e às vezes acaba gerando complicações entre pais e filhos. Devemos admitir que os pais sofrem com isso. Sem mais nem menos, se vêm diante desta situação que os coloca como vítimas de seus próprios folhos. Esta questão é tão pouca percebida pelos filhos e pelos pais. Ambos passam por esta experiência, e não têm a menor noção do que ela realmente implica.

Ouvimos tanto esta frase: “É preciso romper o cordão umbilical.” Talvez, seja esta a importância da perda dos pais de infância. Lembro-me que a figura de meus pais, quando eu era criança, foi totalmente redesenhada quando me tornei adolescente.

Devemos lembrar que o tempo passa, e com ele surgem as mudanças e as transformações que todos sofremos ao longo de nossas vidas. O adolescente, quando deixa de ser criança, normalmente não percebe que também seus pais estão passando por uma fase de grande amadurecimento, principalmente se casaram ainda muito jovens. Só o que ele sente é que aos poucos a imagem de seus pais vai se distorcendo, ele não encontra mais aqueles traços que lhe eram bastante familiares quando criança. Contudo, é necessária a atenção para este fato: a perda dos pais de infância pode acontecer sem maiores problemas, como pode também causar a rebeldia dos filhos ao lidar com este rompimento.

 

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