sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A IDADE DAS CONTESTAÇÕES


A IDADE DAS CONTESTAÇÕES

 

- “Que fase! Os jovens contestam tanto... Estão muito rebeldes!”

Quem já não ouviu esta frase?

Tantas pessoas dão ênfase ao assunto, estão rotulando os jovens e nem procuram as respostas para suas contestações. Mas, pouco se fala, ou se publica, sobre as dificuldades que os pais, e mesmo os adultos em geral, têm em aceitar a transformação que passa o adolescente. E muitos não sabem sequer estabelecer uma boa relação com os filhos.

Quando a conversa em discussão é a criança, os pais expressam uma opinião uniforme. Isto já não ocorre quanto o assunto é o adolescente. Muitos pais tomam atitudes de espanto, temor e até mesmo de hostilidade, além de mostrarem seus sentimentos de distância e indiferença. Esta maneira de agir mostra que quanto menos eles se envolverem com o assunto melhor. Não participam da evolução social e por isso se abstêm de qualquer opinião ou envolvimento. Psicólogos comprovam estas atitudes em seus estudos.

Acredito que os pais devem seguir, passo a passo, a evolução das necessidades e mudanças de seus filhos. Esta é uma atitude normal, tentando compreender e, sobretudo, respeitar seus sentimentos e direitos. Devem permitir um mútuo entendimento, quebrando as barreiras que tanto sacrificam pais e filhos.

Já está comprovado, os pais que melhor se envolvem com a realidade têm mais chance de ensinar e orientar melhor os seus filhos, mostrando-lhes como enfrentar os desafios, não os afastando dos perigos, já que todos somos vulneráveis a eles.

Os pais devem ter mais consciência e reflexão em relação à educação que dispensam aos filhos, tendo uma conduta que os levem ao diálogo, para consolidar uma relação de confiança, de mais amizade, e consequentemente mais amor!

Na fase da adolescência, é normal o jovem contestar, esbravejar, até dizer besteiras infundadas. Ele se sente no direito disso e daquilo. O adolescente reina, com sua coroa recheada de louros que ele mesmo vai os colocando, à medida que se sente o rei de toda e qualquer situação.

Geralmente, o jovem é idealista demais e quer mudar o mundo, e muito mais ainda quando ele acha que o mundo todo está contra ele: “Ah! Não! Tudo acontece de ruim comigo. Que droga de vida! Dá vontade de sumir...”

E aí? Sumir para onde?

Ele quer sair de casa, com uma mochila às costas e nada mais. Quer dar um tempo da família. Não suporta mais tanta pressão, e por isso pensa que lá fora vai poder respirar mais aliviado, e o seu mundo será melhor, mais colorido, cheio de vida. Quantos jovens assumem esta posição e não voltam. Vivem uma utopia, mas preferem não admitir a derrota. Consideram-se senhores de si mesmos e querem mostrar ao mundo que podem vencê-lo. Uns acertam, já outros acabam se entregando à marginalidade, infelizmente. Porém, há jovens que não aguentam quanto a barra começa a pesar, e aí a “coisa pega” e voltam rapidinho para o aconchego do lar, para o seio da família, de onde eles jamais poderiam se ausentar enquanto não tivessem condições. Admitem o erro, e muitas vezes são recebidos como os filhos prodigiosos, com toda a pompa, ou então os pais os recebem com indiferença, e estes filhos são obrigados a resgatar o seu amor e confiança.

Há pais que não sabem bem como lidar com os desejos súbitos dos filhos, e com suas manias e vícios, que adquirem como hábitos normais, e que acabam irritando os mais velhos. Por isso mesmo, estes pais, diante desta constante irritabilidade e para se verem logo livres dela, acabam cedendo aos caprichos, ou então procuram castigar os filhos. Chantageiam, muitas vezes, para disfarçar a preocupação que têm em protegê-los, e assim agem com imposições e muito controle: “Quero o seu bem, meu filho.” “Tudo o que faço é com a melhor das intenções.” De forma bastante autoritária, para que o filho não tenha chance de argumentar, sofrendo calado este tipo de pressão. E sendo assim o filho vai agir de maneira compulsiva, contestando a seu modo, pois o jovem, muitas vezes, não liga a mínima para regras e convenções.

Chego a comparar o nosso jovem ao “anel da energia e do humor”. A cada dia, ele levanta com uma cor, e é capaz de ir mudando-a da manhã à noite.

Nós adultos pensamos muitas vezes em qual seria a melhor maneira de agradar aos jovens. Tentamos de um lado e de outro. Se na maioria das vezes não o conseguimos, de quem á a culpa, afinal?

Com certeza, psicólogos e psicanalistas podem responder a esta questão, mas eu creio que é simples a resposta: a culpa não está no adulto nem no jovem. Ambos estão simplesmente agindo à sua maneira. O adolescente tem uma posição perante à vida, que lhe é peculiar, e os adultos têm outra. Não conseguem agradar um ao outro.

Muitos pais têm o desejo de ensinar o “caminho das pedras” aos filhos e se desdobram por isso. Mas, os filhos querem, e necessitam, descobri-lo por si mesmos. Para eles, é imprescindível esta busca, que funciona como uma autoafirmação. O jovem tem sede de poder sobre ele mesmo, daí tantas contestações!

 

#######

domingo, 18 de agosto de 2013

ADOLESCENTE X ADOLESCENTE




ADOLESCENTE x ADOLESCENTE

 

Há adolescentes que não curtem a vida por conta do trabalho. Muitos deles começam a trabalhar a partir de 11 anos de idade, para ajudar com as despesas da casa. Alguns são arrimos de família. Estes não têm os mesmos privilégios que a maioria dos jovens, de classe média a classe alta, goza: roupas de grife, educação nos melhores colégios particulares, tratamento dentário de seis em seis meses, seguro de saúde e de vida, refeições fora de casa, mesada, cartão de crédito, festas nos fins de semana, viagens de férias, TV, celular, videogame, computador, tablete, a obrigação de nada fazer a não ser estudar e se divertir (namorar, dançar, praticar esportes), assistir a bons espetáculos no teatro, frequentar clubes e cinemas... Os jovens necessitados se preocupam com as contas a pagar no final do mês, ajudam na arrumação da casa, tomam conta dos irmãos menores, fazem um “bico” aqui e ali para compensar o baixo salário que recebem, ganham roupas usadas, que já saíram de moda, estudam na biblioteca e em livros usados, vão á escola sempre com o mesmo uniforme surrado, não saem de férias...

Os jovens que não têm uma boa vida, às vezes, nem sentem a sua adolescência passar. Devido às necessidades que já são impostas ainda na fase de criança, se veem, de uma hora para outra, às voltas com as responsabilidades familiares, e da noite para o dia tornam-se adultos, e adeus à sua bela juventude! Estão à procura dela apenas na visão de outros jovens, aos quais a vida permitiu o gozo de uma juventude plena e saudável.

Penso que os jovens que recebem na palma da mão a majestade de uma adolescência rica e sadia, muitas vezes não encontram o significado dela, e com toda a primazia que desfrutam ainda se sentem aborrecidos e acabam aborrecendo todos à sua volta. Já os jovens necessitados, estes, sim, com certeza, têm motivos de sobra para se aborrecerem!

 

#######