DEPOIMENTOS
DE JOVENS ADOLESCENTES – TOMO II
Saí
em férias, para terminar de escrever este livro. A primeira semana, passei em
Cabo Frio, e a segunda, na cidade de Búzios, ambas no Estado do Rio de Janeiro.
A
pauta para este capítulo já estava traçada: eu realizaria uma pesquisa junto
aos jovens, nestas duas cidades que, sabia, eles viriam de outras tantas. De
fato, eu os encontrei nas praias, nas ruas, nas lojas, nos restaurantes e nos
barzinhos agitados.
Durante
alguns dias, com meu mini gravador à mão, entrevistei cerca de 30 adolescentes,
com idade entre 12 a 17 anos, que não colocaram empecilho algum em responder às
minhas perguntas. Com muito entusiasmo, foram prestativos e cooperaram.
Consegui,
também, antes mesmo de colocar o ponto final neste livro, a ajuda de vários
amigos “Net-Boys e Net-Girls” que tenho em minha rede social, o Facebook. Mesmo
não os conhecendo pessoalmente, apenas duas dúzias deles, todos atenderam ao
meu “chamado”, quando os convoquei para que pudessem, “in box”, responder às
mesmas perguntas que fiz com os adolescentes, que encontrei em minha viagem de
férias. A todos eles, registro, aqui, o meu sincero agradecimento: “Valeu,
moçada bacana!”
Formulei
apenas sete perguntas, que considerei necessárias e significativas, já que elas
me dariam, com certeza, o respaldo, o apoio e suporte para alguns dos assuntos
que tratei neste livro. São elas:
·
A - Qual é a sua idade?
·
B - Você está satisfeito (a) com a sua
adolescência?
·
C - Você se considera um (a) jovem
tranquilo (a), ou está cheio (a) de “grilos”?
·
D - Como gosta de curtir a sua vida?
·
E - Preocupa-se com os estudos?
·
F - Você é do tipo “família” ou acha que
vive melhor com a sua turma?
·
G - Se alguém lhe chama de
“aborrecente”, como você responde a isto?
Após
ouvir as várias fitas com as respostas destes jovens, selecionei apenas algumas
entrevistas para serem aqui publicadas, já que elas são a amostra do resultado
desta pesquisa. Todas me foram de grande valor, as transcritas ou não, pois
revelam o pensar e o agir dos nossos jovens. Da mesma forma, assim que me foram
chegando os e-mails com as respostas dos meus jovens amigos do Facebook, que
toparam, e foram quase 70 deles, selecionei as que mostravam melhor o perfil
dos adolescentes...
Para
guardar suas identidades, apenas coloco sua idade verdadeira, apontando-os como
“Garota” ou “Garoto”, apenas para a identificação do sexo. Suas respostas
obedecem a ordem das perguntas já enunciadas. E reproduzo, sem tirar nem pôr,
originalmente, as suas próprias palavras.
#
GAROTA (Paraty-RJ)
A
– 15 anos.
B
– Mais ou menos... Está faltando mais liberdade.
C
– Tranquila. Tenho uns grilos, que são passageiros, e acabo encontrando as
respostas com meus pais, meus primos, meus amigos.
D
– Saindo bastante, namorando... Gosto de passar um tempo na Internet, nas redes
sociais, para bater papo.
E
– Bastante, bastante! Nunca tirei uma nota vermelha. Às vezes, eu dou uma
fugida dos estudos, mas sempre estou na linha.
F
– Acho que sou meio a meio... (Risos.)
G
– Não me considero uma aborrecente, não! Não me envolvo muito com as pessoas.
Não admito que me chamem assim, porque não dou motivo, só se for porque eu não
dou confiança para isto. Eu fico na minha mesmo. Se os pais estão sendo
chamados de “avorrecentes”? É isto? Avorrecentes? Legal... Ainda não tinha
ouvido falar... Não! Mesmo eu achando que os meus pais não me entendem,
acredito que eles querem é me colocar no caminho que, para eles, é o “certo”,
entende? Eles vão ser mesmo avorrecentes, quando forem avós, não é mesmo? Aí,
vão querer mandar até nos netos, nos filhos da gente. (Risos.)
#
GAROTO (Búzios – RJ)
A
– 16 anos.
B
– Estou “de boa”.
C
– Não! Sou tranquilo até demais quanto a isto.
D
– Gosto de praia... Desta, onde estamos agora... Hãm... Internet, claro! Às
vezes, curto uma balada. Futebol com os amigos.
E
– Muito. Eu até que gosto de estudar, sabia?
F
– Não... O melhor é a família. Esse lance de “tribo”, “gangue”, turma... Não
leva a nada. Só mesmo à diversão, aos bate-papos e tal. Por que? Porque nem
todos, que dizem ser amigos, não são de verdade.
G
– (Risos.) Ah! Eu falo que não sou aborrecente... Já até me chamaram, um tempo
atrás, viu? É a fase. Cada adolescente tem a sua, até mesmo de pentelho, que
fica enchendo o saco de todo mundo...
#
GAROTO (Teresópolis – RJ)
A
– 14 anos.
B
– Sim...
C
– Minha adolescência está indo bem. Não tenho nenhum grilo, não. Aprendo tudo
com meus pais, na escola, com amigos...
D
– Nos finais de semana, vou para alguma balada... Sem nada de drogas, porque
isto aí não leva ninguém a nada, não leva para o futuro. Também curto muito de
jogar na Internet, ou em casa, sozinho, o Playstation.
E
– Eu estudo muito. Gosto... Quero servir a Aeronáutica!
F
– Família! Dependendo da turma, é legal viver entre amigos, mas o pessoal tem
de ter cabeça boa.
G
– Ah! Já ouvi falar esta palavra aí. Mas, eu? Eu não sou um carinha
aborrecente, não. Cada um tem o seu jeito. Não abuso da liberdade, e levo tudo
dentro do possível. Acho que sou um adolescente saudável. Valeu?
#
GAROTA (Angra dos Reis – RJ)
A
– 13 anos.
B
– Estou legal...
C
– Tranquilíssima! Não tenho grilos nenhum, mesmo... Você não acredita? Mas é
verdade!
D
– Gosto de viver bem na paz. Não sou muito de sair, badalar, essas coisas...
Nem tenho namorado. De vez em quando, só paquera mesmo. Curto praia, violão,
músicas. Adoro entrar no Facebook e postar fotos bem legais. Esse lance de
papos com os amigos...
E
– Olha... Eu até que estudo. Não mato aula, e faço meus deveres.
F
– Família, cara! Sou mais tipo “família” mesmo. A turma não me ajuda em nada.
Ninguém bate com as minhas ideias...
G
– Aborrecente? (Risos.) Ah! Fala sério... Tem muito adulto que é... Sabia?
Eles, sim, é que vivem nos aborrecendo com tanta proibição, estas coisas de
discursos, de conselhos chatos... Eu sei que eu é que não sou! Acabou? Olha...
Sucesso para você, viu? Gostei de ajudar aí.
#
GAROTO (Cabo Frio – RJ)
A
– 15 anos.
B
– Estou totalmente satisfeito.
C
– Sou tranquilo. Não tenho muitos grilos, mas a maioria tem... Os meus? Eu os
guardo e vou tirando as dúvidas por aí...
D
– Gosto de viajar. Namorar, de vez em quando. De praia, curtir com os amigos em
algumas baladas... Adoro filmes. Internet também...
E
– Eu frequento as aulas, não mato aula... Gosto de estudar, pois eu quero ter
uma profissão no futuro. Ser alguém com um trabalho legal, que me dê muito
dinheiro.
F
– Ah! Eu acho que eu fico mais tempo com os amigos, mas também fico com meus
pais. Com os amigos, eu me divirto mais...
G
– Meu pai me chama assim, às vezes... (Risos.) E eu digo que não posso fazer
nada contra isto. É tudo da nossa idade. Eu me considero, mais ou menos, um
aborrecente, sendo consciente e também inconsciente.
#
GAROTO (Rio de Janeiro – RJ)
A
– 14 anos.
B
– Estou numa boa. Vivo legal, sim, com a minha condição de adolescente.
C
– Sou tranquilo. Só tenho grilos na cabeça de vez em quando. Procuro consultar,
primeiramente, os meus pais. E se eu não consigo esclarecer minhas dúvidas, aí
eu procuro os amigos, e na maioria das vezes eu esclareço tudo.
D
– Eu saio muito à noite, nos fins de semana. Nos outros dias, fico em casa.
Gosto de praticar esportes, de jogar na Internet... Tem muito jogo legal! Curto
praia também. Balada? Adoro...
E
– Mais ou menos. Já matei muita aula, mas acabo passando de ano.
F
– Dos dois, viu? Eu me dou bem com meus pais, mas fico muito tempo com os
amigos. Adolescente tem de estar com adolescente. Viver em turma, viver aquilo
que é do adolescente...
G
– Já me chamaram, muitas vezes. Eu não ligo... Na maioria das vezes, eles falam
assim só de brincadeira. Talvez eu possa ser um aborrecente, e não dou conta de
que sou mesmo! (Risos.)
#
GAROTO (Búzios – RJ)
A
– 17 anos.
B
– Estou... Eu me dou bem com meus amigos, com meus pais.
C
– Estou tranquilo. Meus pais são muito abertos comigo. A gente conversa
bastante. Acho que sou privilegiado por isso.
D
– Eu gosto de praia, com os amigos. Gosto de esportes, de acampar, de ficar nos
barzinhos, à noite, nas baladas... Tenho uma namorada atualmente. Ela sai muito
comigo. De vez em quando, eu tomo um copo de cerveja, mas prefiro bebida mais
saudável. Qual? Água, muita água, e também um isotônico, quando pratico vôlei,
futebol...
E
– Vou indo bem nos estudos. Não mato aula, não. Nem para namorar... (Risos).
Temos de ter um futuro, com uma boa profissão. Quero ser jornalista.
F
– Eu saio bastante com alguns poucos amigos. Mas saio também com meu pai. De
vez em quando, nós dois vamos num barzinho aqui em Búzios. Jogo peteca com ele.
Sou muito amigo dele. Minha mãe? Também sou amigo dela e das minhas três irmãs.
Às vezes, a gente briga. Faz parte. Viver em turma é bom, mas tem de acompanhar
os pais também... Faz falta!
G
– A minha família já me chamou, tempos atrás, de aborrecente. Levei na
brincadeira. Acho que meus pais até já aprontaram mais do que eu, na juventude
deles, mas não dão o braço a torcer.
#
GAROTA (Cabo Frio – RJ)
A
– 14 anos.
B
– Ah! Estou... Mas eu acho que tenho ainda muita coisa para aprender...
C
– Sei lá. Eu sempre tenho algumas dúvidas. Aí, eu acho que tem tempo ainda para
resolver cada coisa que passa na minha cabeça.
D
– Praia, baladas. Adoro ficar com minha turma... Em casa, fico um bom tempo na
Internet, em minhas redes sociais, postando mil lances! Isto é bem divertido.
Adoro!
E
– Eu me preocupo, sim. Estou sempre estudando e não mato aula por conta de
ficar zoando por aí.
F
– Agora, eu sou dos dois. Gosto da família, mas curto muito os amigos... Do meu
prédio, do colégio. A gente precisa viver com gente da nossa idade. Todo
adolescente precisa, não é mesmo? Mas, vou contar para você... Um colinho de
mãe é tudo de bom!
G
– Já me chamaram, sim! Eu acho que, dependendo do momento, eles podem até estar
certos ou errados. Eu não ligo, não! Quando estão errados, aí eu brigo. Bato o
pé de digo: “Pô, sou uma adolescente, e estou vivendo a minha vida, gente!”
(Risos.).
#
GAROTA (Rio de Janeiro – RJ)
A
– 16 anos.
B
– Estou tranquila, acho! Tudo que a adolescência me proporciona, eu transo numa
boa, muito mesmo!
C
– Ah! Cheia de grilos, apesar de estar bem. Tem muita coisa errada. Tem gente
que gosta de ser a “ovelha negra” da família, e eu sou uma! A que faz tudo
errado, sabe? Todo mundo é “santinho” e só você é a errada. Essas coisas...
Eles me consideram a “louca”. Chego tarde em casa, porque eu estou curtindo. Se
eu faço coisa errada, eu tenho consciência numa boa.
D
– Curtir a vida? Nossa! Sair com meus colegas, com meus “roqueiros” para dormir
no cemitério. Nem sei que graça teve isto, mas foi bem louco! Ou então... Ficar
em casa, trancada dentro do quarto, ouvindo música, um “rock” pesado. Adoro!
Mas gosto também de MPB. Ah! Praia, Internet, baladas... Essas coisas que todo
mundo gosta.
E
– Estudos? Veja bem... Estou parada no momento. Eu tive umas complicações...
Daí, eu parei. Mas, em breve, vou voltar a estudar. Acho até que perdi o ano!
F
– Eu estaria mentindo de dissesse que sou tipo “família”... Sei que curto mais
os amigos neste momento. Quando eu era “pirralha”, eu ficava mais com meus pais
e irmãos. Hoje, prefiro a minha “tribo”, tenho mais liberdade com os amigos.
G
– Depois de tudo o que eu fiz? Só posso ser mesmo uma aborrecente para os
outros. Acho que eles me consideram assim até hoje, desde quando eu me tornei
uma adolescente. (Risos.) Mas eu sei que eu me arrependi. Olha esse mar... Tem
coisa mais linda? Eu quero é viver bem... Aborrecendo os outros ou não! Desejo
o maior sucesso para o seu livro. Que bom que eu ajudei... Pode escrever tudo,
tá? Valeu, escritora!
#
GAROTA (Vitória – ES)
A
– 17 anos.
B
– Está valendo a minha adolescência, sim! Dentro de alguns meses, vou virar
adulta...
C
– Eu sempre fui tranquila. Claro! No início de minha adolescência, eu tinha
mais grilos na cabeça. Quais? Eram vários, tipo... Minha menstruação. Assim que
ela chegou e até dois anos depois, ela era muito irregular. Eu ia sempre ao
médico. Minha mãe me levava. Cheguei a tomar pílulas para regular, sabe? Eu
tinha grilos com os namorados, com este lance de namoro, do jeito que seria...
Estas coisas. Eu era uma menina meio estranha. (Risos.)
D
– Eu danço muito, sou bailarina e gosto de música, até mesmo da clássica. Nos
fins de semana, vou passear com meu namorado, em algumas baladas. Ele está
comigo aqui em Búzios. Ah! Praia, claro!
Gosto de viajar, como agora, conhecendo pessoas novas, bonitas,
inteligentes. Acho que eu curto a vida curtindo a própria vida, tudo o que ela
me proporciona. É isso aí!
E
– Sou ligada nos estudos, sim. Quando era mais nova, eu não ligava muito.
Matava aula, não fazia os deveres. Achado um saco! Mas, depois, já crescida,
tomei consciência da importância dos estudos em nossa vida. Quero ser uma
grande profissional..
F
– Eu já fiquei muito em casa, curtindo este lance de “família” unida... Fui
muito comportada. Desde os 15 anos, eu saio muito, adoro minha turma de amigos.
Agora, fico mais com meu namorado, apesar de nós termos muitos amigos em comum.
G
– Eu acho que já passei desta fase, você não acha? Conheço também muitos
adolescentes, mais novos que eu, que são, sim, bem aborrecentes, viu? Eu devo
ter sido também. Afinal, quem nunca aborreceu alguém? Mas, quer saber? Adoro
estes aborrecentes... (Risos.)
#
GAROTO (Macaé – RJ)
A
– 16 anos.
B
– Estou sim! Está tudo ótimo. A adolescência é a fase melhor da vida!
C
– Nossa! Estou tranquilo. Tranquilo até demais...
D
– Agitando todas. Sabe o que é “todas”? Nossa! Tudo o que a vida me dá
direito... Altos agitos com a galera, zoar bastante... Ichi! Zoar? É fazer
tudo, tipo... Tudo com os amigos, sair por aí, à noite, para as baladas.
Divertir nos barzinhos, como este... Neste lugar legal onde estamos. Aí...
Namorar bastante também. Internet? Muito! Vivo nela...
E
– Que nada... Para falar a verdade, não curto muito não! Mas, a gente tem de
estudar, passar de ano, ter uma profissão, enfim...
F
– Família, família, família... É o bicho! Eu gosto da minha família. Acho que a
gente tem de estar junto de vez em quando. Eu fico lá em casa com eles, meus
pais e irmãos, mas nem sempre. Eu gosto mesmo é de ficar com a minha “trupe”,
sabe? Os caras são legais, todo mundo tem uma cabeça boa, a gente tem os mesmos
lances, os lances que gostamos de curtir. Mas eu não faço nada de errado não.
Tenho, assim, esse meu jeitão de cara que num tá nem aí, mas eu vivo limpo! A
gente, de verdade, só quer mesmo é a diversão, entende? Diversão sadia. São as
noitadas, ou então a praia, pela manhã, nos fins de semana. Com os amigos, eu
bato uma bola, jogamos vôlei... Tá vendo? Eu curto muito a minha
adolescência...
G
– Ichi! Aí... Lá em Macaé, tem gente que fala este lance de “aborrecente”. Mas
não para mim. Eu acho que não aborreço ninguém. Pode ter uns caras...
Adolescentes “pirralhos”, sabe? Estes, sim, aborrecem as pessoas, seus pais...
Não sei! A coisa é complicada. Ou se é aborrecente, ou não. Eu não sou. Me
livra dessa, hein? Valeu! Sucesso para você e este seu novo livro aí. Já anotei
aqui na cabeça!
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