ALGUMAS
ANOTAÇÕES DO DIÁRIO
DE
UMA JOVEM DEBUTANTE
Ela
esperou, com ansiedade, durante o ano passado, a data na qual faria 15 anos de
idade. Uma idade tão esperada por toda adolescente.
Está
cursando o 1º ano do Ensino Médio (9ª série do Ensino Fundamental) e sente
grande orgulho. Tem quase 300 amigos no Facebook, a maioria do colégio, além do
pessoal de sua família....
Suas
lembranças da 8ª série: Nas aulas de Educação Sexual, ela
e suas amigas mais chegadas ficavam desenhando os espermatozoides dos meninos
da turma, e lhes davam os nomes, às gargalhadas. Na festa de formatura, dançou
com um garoto que ela era a fim, e sentiu uma “quentura” por dentro. Mas, só não
“ficou” com ele por pensar que era cedo demais. As colegas riram de sua
atitude, lembrando-a de ele era o favorito de muitas delas.
Em
um de seus passeios, num shopping, com as amigas, uma paquera surgiu. Troca de
telefones, e-mails e até mesmo um encontro marcado. Era preciso dar uma
desculpa em casa, para se encontrar com o Bruno, numa praça bem perto de casa,
no dia seguinte, durante à tarde. Ela se lembra que tomou um banho de perfume.
Os dois bem felizes, de mãos dadas, caminhando, apenas conversando. De repente,
encontraram o pai dela, que apenas lhe disse: “Já para casa e depois
conversamos!” Ela escreve que tremeu o corpo todo e o garoto ficou assustado.
Em casa, seu pai quase “teve um filho pala boca”, e ela escutou o maior sermão.
Os dias se passaram e eles se encontravam às escondidas. Ela gostava dele. E
ele insistia que deveriam fazer algo mais, além dos beijos ardentes. Ela tinha
medo de se entregar para ele e depois levar um belo de um chute. Então se fazia
de difícil, mas sabia que estava se dando o devido valor.
Finalmente,
chega a idade que tanto aguardava, seus majestosos 15 anos! Pensa que nesta
idade as coisas mágicas acontecem e sua vida será um mar de rosas...
No
dia da festa de seu aniversário, Bruno lhe presenteou com rosas vermelhas,
dizendo, bem secamente: “Você demorou a se decidir, eu já estou namorando
outra.” Naquele instante, ela sentiu o mundo desabar sobre sua cabeça, segurou
o choro e devolveu as palavras: “Toma este buquê e leve para a sua namorada!”
Um
novo amor chegou, semanas depois. Um amigo de uma prima, que havia lhe
adicionado na rede social, dias atrás, a conheceu numa festa. Mal teclavam.
Mas, durante duas horas, aquele era o par perfeito. Um beijo roubado e pronto!
A maior surpresa: ele a pediu em namoro, como no tempo de sua avó. Ao contar
para a sua mãe, imaginando que ela iria ficar descabelada e dizer “não” ao
namoro, mais uma surpresa, pois a mãe lhe disse que gostaria de conhecer o
pretendente. No dia seguinte, a jovem debutante ligou para o rapaz, dizendo:
“Ok! Estamos namorando!”
Elton
foi seu primeiro namorado firme e concreto, conforme ela escreve em seu diário.
“Estou amando e sendo correspondida, agora.”
Após
um mês de namoro, ele foi à casa dela conhecer seus pais. Chamou a mãe dela de
“sogra”, mas não conheceu o pai, que não quis participar daquele encontro, totalmente
corroído pelo ciúme, porque achava que era cedo demais para ela começar um
namoro sério, e que o rapaz estaria roubando a sua “princesa”.
A
dona do diário se lembra que a mãe havia gostado muito do Elton, mas passou a
chama-lo de “ficante constante”. “Que raiva, viu?” Ela desabafa...
Eles
se amavam, profundamente! Após um beijo “delicioso”, como escreve, em um de
seus encontros, ela registra numa página inteira: “... Então senti as batidas
aceleradas do meu coração e um calor imenso dentro do corpo, e ainda a minha
respiração e a dele estavam aceleradas. Pensei que aquela sensação já nos
levaria para as primeiras carícias preliminares... Que faríamos sexo!
Imediatamente, me afastei dele e achei melhor parar por aí. Lembro-me que o
deixei e fui embora, mas me senti “nas nuvens”.
No
dia seguinte, no colégio, perguntou a uma amiga se era normal sentir aquele
entusiasmo todo, tão cedo, aquela vontade de chegar logo no “algo mais”. Ela se
sentia tão imatura, insegura, e achava que seu corpo ainda não estava
preparado. E porque tinha muitos “grilos” na cabeça a respeito do sexo.
Terminou
a página, escrevendo: “15 anos de idade ainda é muito cedo para perder a
virgindade. E eu não quero decepcionar meus pais, que amo tanto. Não estou
pronta para me entregar. Devo ainda descobrir tanto...”
Escreve
ainda que já estava em férias escolares e viajou para a cidade de São Paulo, a
fim de “esfriar a cabeça”.
“Ainda
ontem, eu brincava de Barbie. Hoje estou num shopping, comprando um presente
para o meu namorado, meu querido Elton...”
E
nem quis arriscar o namoro “sério”, com uma aventura de férias, pois rapazes
não faltaram!
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