TUDO
CERTO, COMO MANDA O FIGURINO
Enquanto
ocorre toda esta transformação, citada no capítulo anterior, que afeta o mais
íntimo do organismo do adolescente, ele passa a se sentir como o expectador de
seu próprio corpo, assiste a uma forma de espetáculo com o qual ainda não está
familiarizado. Portanto, estas mudanças irão despertar no jovem uma grande
preocupação, uma espécie de inconformismo em relação à sua própria identidade. Daí
o fato de os adolescentes se estranharem e até mesmo se tornarem insatisfeitos,
pois se recusam a aceitar o próprio corpo. De acordo com pesquisas, o jovem
passa por uma descoordenação muscular, por isso tais sentimentos.
Nesta
fase, ele ainda tem de se conformar em seguir o “figurino” que os mais velhos
lhe ditam. Portanto, se vê quase que obrigado a se sentir desconcertado diante
às solicitações do seu corpo em explosão e a limitação de postura. E por aí
vai... São recomendações e mais recomendações!
Os
adolescentes estão em constantes lutas contra o corpo velho e o corpo novo, se
defrontando com uma nova realidade.
Segundo
Anna Freud (filha do fundador da psicanálise, Sigmund Freud), em seu livro
“Psicanálise do Desenvolvimento da Criança e do Adolescente”, as modificações
hormonais revolucionam a vida sexual do jovem. Observam-se mudanças na maneira
de exprimir a agressividade e progressos no desempenho intelectual. Ocorrem,
ainda, mudanças no caráter e na personalidade, pois uma nova pessoa começa a
emergir. Os jovens reavaliam os laços afetivos e as relações sociais. Sentem a
perda do papel e da identidade infantis, pois, quando criança, possuía a cômoda
situação de dependência e, quando adolescente, assume a responsabilidade da
condição de adulto.
Nesta
fase, a imagem de “pai e mãe” já não é mais a mesma que possuía quando criança.
Do mesmo modo, as coisas e lugares. O adolescente passa do prazeroso mundo
infantil - com suas necessidades básicas satisfeitas - para o mundo adulto,
onde terá de conquistar sua identidade e sua maturidade.
Assim
sendo, os jovens apresentam, durante esta transição, um comportamento
totalmente marcado por oscilações devido ao fato do surgimento dos desafios que
se apresentam a eles, pesando, ainda, outros aspectos de sua transformação, ou
seja, de sua natural evolução. Então não é possível precisarmos o limite entre
o que ele julga normal e o que é insalubre nesta fase de sua vida.
Ainda,
de acordo com as anotações de Anna Freud, dos conflitos que o jovem passa,
resulta um desequilíbrio de sua personalidade. Sua estrutura psicológica ainda
não está comedida. O período de latência, o “pulsar”, do desenvolvimento de sua
personalidade vai dos sete anos de idade ao início da puberdade. A criança,
neste período, é educada e bem comportada, mas, quando adolescente, é
insaciável e exigente.
Será
mesmo que os jovens estão ávidos e nada lhes satisfaz? Estão extremamente
descontentes, e por isso exigem tanto?
A
sociedade e as regras de conduta sacrificam os adolescentes nesta fase mais
bonita da vida. Como socorrê-los e como suportarmos essa chamada
“aborrecência”? Não devemos julgar o comportamento destes jovens, e sim
procurarmos entende-los melhor... Estes jovens motivados e instigantes, com
suas expectativas que nem sempre correspondem às que tivemos quando jovens.
Porque nem tudo é certo e será certo, assim como manda o figurino!
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