sábado, 1 de junho de 2013

TUDO CERTO, COMO MANDA O FIGURINO



TUDO CERTO, COMO MANDA O FIGURINO

 

Enquanto ocorre toda esta transformação, citada no capítulo anterior, que afeta o mais íntimo do organismo do adolescente, ele passa a se sentir como o expectador de seu próprio corpo, assiste a uma forma de espetáculo com o qual ainda não está familiarizado. Portanto, estas mudanças irão despertar no jovem uma grande preocupação, uma espécie de inconformismo em relação à sua própria identidade. Daí o fato de os adolescentes se estranharem e até mesmo se tornarem insatisfeitos, pois se recusam a aceitar o próprio corpo. De acordo com pesquisas, o jovem passa por uma descoordenação muscular, por isso tais sentimentos.

Nesta fase, ele ainda tem de se conformar em seguir o “figurino” que os mais velhos lhe ditam. Portanto, se vê quase que obrigado a se sentir desconcertado diante às solicitações do seu corpo em explosão e a limitação de postura. E por aí vai... São recomendações e mais recomendações!

Os adolescentes estão em constantes lutas contra o corpo velho e o corpo novo, se defrontando com uma nova realidade.

Segundo Anna Freud (filha do fundador da psicanálise, Sigmund Freud), em seu livro “Psicanálise do Desenvolvimento da Criança e do Adolescente”, as modificações hormonais revolucionam a vida sexual do jovem. Observam-se mudanças na maneira de exprimir a agressividade e progressos no desempenho intelectual. Ocorrem, ainda, mudanças no caráter e na personalidade, pois uma nova pessoa começa a emergir. Os jovens reavaliam os laços afetivos e as relações sociais. Sentem a perda do papel e da identidade infantis, pois, quando criança, possuía a cômoda situação de dependência e, quando adolescente, assume a responsabilidade da condição de adulto.

Nesta fase, a imagem de “pai e mãe” já não é mais a mesma que possuía quando criança. Do mesmo modo, as coisas e lugares. O adolescente passa do prazeroso mundo infantil - com suas necessidades básicas satisfeitas - para o mundo adulto, onde terá de conquistar sua identidade e sua maturidade.

Assim sendo, os jovens apresentam, durante esta transição, um comportamento totalmente marcado por oscilações devido ao fato do surgimento dos desafios que se apresentam a eles, pesando, ainda, outros aspectos de sua transformação, ou seja, de sua natural evolução. Então não é possível precisarmos o limite entre o que ele julga normal e o que é insalubre nesta fase de sua vida.

Ainda, de acordo com as anotações de Anna Freud, dos conflitos que o jovem passa, resulta um desequilíbrio de sua personalidade. Sua estrutura psicológica ainda não está comedida. O período de latência, o “pulsar”, do desenvolvimento de sua personalidade vai dos sete anos de idade ao início da puberdade. A criança, neste período, é educada e bem comportada, mas, quando adolescente, é insaciável e exigente.

Será mesmo que os jovens estão ávidos e nada lhes satisfaz? Estão extremamente descontentes, e por isso exigem tanto?

A sociedade e as regras de conduta sacrificam os adolescentes nesta fase mais bonita da vida. Como socorrê-los e como suportarmos essa chamada “aborrecência”? Não devemos julgar o comportamento destes jovens, e sim procurarmos entende-los melhor... Estes jovens motivados e instigantes, com suas expectativas que nem sempre correspondem às que tivemos quando jovens. Porque nem tudo é certo e será certo, assim como manda o figurino!

 

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